domingo, 6 de julho de 2008

LEIA! DESCUBRA O MISTÉRIO...

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TRECHOS DO ROMANCE




Editora: PONTES


Em 1789, em Soledade de Itajubá, fiquei sabendo sobre um grupo de intelectuais em Vila Rica que conspirava uma luta contra a difícil situação econômica da nossa capitaniaप O movimento dava-se devido ao reflexo do ano de 1750, quando estabeleceram que a nossa capitania mineira pagasse a quantidade fixa de cem arrobas - cerca de 1500 quilos de ouro - à Coroa Real. Dessa forma, toda a nossa riqueza extrativista transferia-se para Portugal , ora pelos altíssimos impostos, ora através do dízimo cobrado por um contratador, que se obrigava a pagar ao Real Erário uma determinada soma em troca da quantia arrecadada por conta própria. O ouro da nossa capitania começou a escassear, e, portanto, o valor firmado pela Coroa Real para lucrar-se da nossa colônia, declinou-se."



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"- Dirceu, leve isso contigo। Teu lugar não é aqui, não é nas terras para aonde irei e, nem tampouco em Vila Rica। Tu viverás a Natureza, completarás a ela e deixarás a tua alma ultrapassar todas as barreiras। Quando quiseres tornar-te humano, poderás sê-lo; se quiseres tornar-te um deus, também। Tanto homem, quanto deus, tu tornarás um eterno herói। Quanto a mim, ao colocar-me os pés na pátria desamada, nas terras forjadas, inventadas para o meu degredo, lá não passarei de um simples Gonzaga. Lá serei puramente carne e osso. Tu serás aqui o meu espírito, cheio de aventuras, realizações e desejos. Chegarei ao ponto de enlouquecer, mas a minha loucura o mundo há de compreendê-la, graças a você. Quando sentires na alma o verdadeiro Dirceu, tu, mesmo sem saberes, vestirás este matolão e conquistarás o teu maior sonho. Assim, tu realizarás a minha promessa."



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"Ele disse para mim que era vaqueiro numa fazenda muito distante, qual pertencia às terras da Bahia। O dono da propriedade tinha-lhe uma grande estima, pois, igual a ninguém ele sabia conduzir boiadas quilométricas de fazenda a fazenda e região a região, por mais distantes que fossem uma das outras. Ele conheceu muitos lugares da colônia, desde as fazendas pertencentes à capitania da Bahia, até Pernambuco, São Sebastião do Rio de Janeiro, São Paulo de Piratininga e Minas Gerais. Segundo ele, a sua aventura de vaqueiro encerrou quando na volta de uma dessas viagens, um comandante da tropa decidiu agir de forma errônea ao armar, bestamente, uma tocaia contra uns tropeiros que eles avistaram numa estrada."

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"Em Vila Rica a aventura foi proveitosa। Na praça principal do comércio - denominada pelo povo da roça de amarra-cavalos - havia um espaço livre para que todos nós comercializássemos as nossas mercadorias. Fiz bons negócios. Durante a tarde, sem me preocupar com o tempo, busquei diversas lojas para comprar mantimentos. Ao comprar sal, na mercearia do Zé Tomázio, topei com uma moça jovem e bonita saindo de lá. Ela estava acompanhada por uma negrinha muito sorridente e travessa. Não sei por que, as duas olharam para mim e riram baixinho. Fiquei a fitá-las por instantes. A moça branca atrapalhou-se e desconsertou-se toda quando a encarei com um sorriso frouxo. Ela era linda. Os olhos dela espalhavam uma luz divina; as fases rosadas misturavam-se com a cor dos seus finos e moldados lábios e os cabelos cacheados, louros e finos, iguais a fios dourados. Pensei se ela viesse a ser a minha namorada, aceitasse ser a minha pastora e, se vivêssemos juntos, feitos eternos pombinhos apaixonados, quem sabe a minha vida não faria mais sentido. Sorri ao gravá-la rapidamente em minha mente."

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"Tanto eu, quanto o meu pai, nunca gostávamos de ter escravos, mas, infelizmente, nessa época, o sistema da nossa colônia não dava outra alternativa senão escravizar os negros para o auxílio da mão-de-obra। Os brancos tiravam-lhos da África a fim de enriquecerem-se com o triste comércio de tráfico humano. Se o meu pai os comprava, ninguém acreditava que eles, em nossa propriedade, eram tratados como cristãos; uns ajudavam aos outros, formando uma enorme família. Dessa forma aprendi com o meu pai uma importante lição: ninguém pertencia a ninguém, todos éramos criaturas de Deus..."

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''Desde o início do século passado, com a corrida do ouro na capitania de Minas e de Goiás, muita gente abandonara as atividades rurais sonhando em ficar rico da noite para o dia. Isso causou um grande desenvolvimento urbano. Vila Rica, por exemplo, gozava-se de grande prestígio, com lojas e variedades de comércios. As pessoas enriqueciam-se depressa, fazendo a todos pensar que o ouro duraria para sempre. A coroa portuguesa tirava proveito disso, ora levando o ouro para a corte, ora aumentando os impostos e dificultando a vida de todos nós
Goiás, somente um século depois do descobrimento do Brasil é que o colonizadores trilharam as terras de Goiás, através de várias expedições, entre elas, a de
Bartolomeu Bueno da Silva (o Anhangüera), com seu filho de igual nome, então com apenas 12 anos de idade। Bueno encontrou em pleno sertão a bandeira de Manuel Campos Bicudo, que conduzia presos índios da nação dos araés, cuja área parecera ao bandeirante extraordinariamente rica em minas de ouro. De acordo com as indicações de Bicudo, para ali seguiu Bartolomeu Bueno, que aprisionou os silvícolas restantes e colheu muitas pepitas de ouro. Em 9 de maio de 1748, D. João V desmembrou do governo de São Paulo o território goiano e instituiu a capitania, para a qual nomeou, como governador, D. Marcos de Noronha, ex-governador de Pernambuco e futuro conde dos Arcos. Por esse tempo já se esgotavam as jazidas de ouro, que, se antes era encontrado quase à superfície, agora recuava para o subsolo e para as correntes fluviais, tornando-se de captação difícil."

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" Eu procuraria a jovem Marília – que mal a conhecia -, ou visitaria um antigo amigo। Foi o que fiz। Entramos na vila a trotes lentos e conduzimos até a casa de Antonio Baeta, um grande amigo meu, magistrado em Direito, pela Universidade de Coimbra. Ao chegarmos a casa dele, tivemos informação de ele não mais morar na vila. Ele mudara para Pernambuco, onde recebera um importante cargo de comendador. O primo dele, Carlos, foi quem nos recebeu, agindo com o mesmo afago de Antonio Baeta. Ele convidou-nos a entrar, preocupou em nos acomodar e quis saber em que poderia nos ser útil."


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"Desde 1580, quando Portugal e suas colônias passaram para o domínio espanhol e o rei Filipe II impedira o comércio holandês no Brasil, passamos a ter economias auxiliares, como a pecuária e a agricultura de subsistência: o cultivo da mandioca, milho, feijão, hortaliças e frutas। E, somente após os bandeirantes encontrar ouro nessa região, no século passado, é que este objeto de cobiça passou a provocar o deslocamento de contingentes populacionais para cá, iniciando uma verdadeira corrida do ouro. Todos queriam ficar ricos e, agora, no nosso século, em pleno ano de 1792, quando o ouro se encontrava escasso, poucos mineradores insistiam em mergulhar nas entranhas da terra para extraí-lo."


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"O destino, através daquele santo padre, levava-me em carne, osso e espírito na casa da jovem e doce Marília... O meu coração bateu forte, mantive firme para que nada ali desse errado. A negra de olhar tranqüilo e sereno nos fez entrar casa adentro, encaminhando-nos para uma grande sala, onde, numa confortável poltrona encontrava-se estirado dom Manuel, pai da minha secreta jovem. Cumprimentamo-lo e sentamos nas poltronas ao lado. O padre apresentou-me ao pai de Marília, dizendo a ele que eu não passava de um jovem louco, de idéias loucas a incomodá-lo. Sorrimos. Dom Manuel quis saber do padre por que ele julgava-me louco".

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"Nem tudo na vida são flores। A Marília sonhada por mim e traçada no feitio dos meus amores, era uma moça tênue e frágil, incapaz de enfrentar a vida do campo. Eu devia reconhecer isso. Em Vila Rica, assim como outras cidades do Brasil, além de possuir as mais belas igrejas de Minas Gerais, contava também com um centro cultural e civilizador muito significante, capaz de acolher as liras musicais, os poetas, escultores, pintores, artesãos e arquitetos. Se essa cidade oferecia uma vida intensa às famílias de classe média e alta, por que uma moça de lá haveria de aceitar-se a casar comigo, um homem campesino, a ter tão pouco para oferecê-la. Tudo o que eu podia oferecê-la era o Dia, o Sol, a Noite, a Lua e as Estrelas... Se ela exigisse um pouco mais, quem sabe eu não daria a ela também os rios, as cascatas murmurantes, as relvas verdes e refrescantes, as ovelhas e os gados a se confundirem nos campos pastoris e selvagens..."


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"Quando chegamos a Vila Rica informaram-nos de que o padre Rocha, juntamente com os compadres de dom Manuel haviam providenciado o velório. O corpo encontrava-se na igreja de São Francisco de Assis. Marília, ao ver o pai estendido no caixão silenciou-se ainda mais. Ela não chorava e nem lamentava, como faziam as pessoas ao perderem os seus entes queridos. A madrinha da moça, dona Berta e a tia, dona Inácia chegaram durante a madrugada com alguns dos familiares. As duas consolavam Marília. Eu, portanto, colei-me ao silêncio dela durante toda a madrugada e manhã seguinte, até o momento de o corpo ser encomendado no cemitério da igreja. Após o sepultamento, Marília preferiu ficar na cidade, juntamente com Rosa e Vívila, pedindo para que Raimundo, Zé da viúva e eu tomássemos conta da fazenda até que ela se recuperasse daquele triste passamento. Prometemos não só cuidar da fazenda, como também tomar as providências cabíveis, caso precisassem. Ficamos sabendo, após o sepultamento de dom Manuel, que uma tropa partiria para o Rio de Janeiro naquela tarde."


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"Não demorou muito e Marília apareceu na igreja। Lá conversamos bastante. Marília relatou-me algumas novidades. Sales metia na cabeça da esposa que Marília teria de casar urgentemente com o rapaz da Itália para cumprir a promessa do pai. Marília por não aceitar a idéia do casamento, vivia uma terrível luta em casa, ora brigava com o cunhado, ora com a irmã."

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"- Vosmecê, senhor Dirceu, deva saber que há um grande mistério na capelinha da fazenda de seu pai. Um dos meus mestres, o senhor Noronha, grande entalhador português foi quem fez a decoração esquisita daquele altar e do pequeno púlpito. Segundo ele, um padre espanhol, que acompanhava todo o serviço, guardou um mistério no altar. Só quem sabe de toda a história é um velho escravo do seu pai, o Farias. Nem o padre Rocha, celebrante da primeira missa rezada naquela capela, sabe nada...
Eu interessei pela história e, alguma coisa impetuosa fez com que eu desse alguns passos para aproximar-me dele। A escuridão impedia-me, Marília também, puxando-me pelas mãos a pedir que eu não a abandonasse. Imóvel, falei com ele dali mesmo.
- O velho Farias morreu faz pouco tempo...
Ele riu de forma engraçada, prosseguindo de uma tosse aguda e tísica.
- Então lá se foi o mistério..."


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"Sorri। O padre falava sobre o “homem feio”, o mísero aleijado que trabalhava taciturno talhando madeiras e esculpindo imagens. Ao obter as informações necessárias sobre o mistério formidoloso a cercar a minha capela, despedi-me do padre e sai pela rua feliz da vida. Dirigi-me à mercearia de Zé Tomázio, que, embora estivesse ocupado, atendendo aos fregueses cercados no balcão, aproximou-se de mim e cumprimentou-me dizendo baixinho.
- Daqui a pouco vosmecê pode ir à igreja, a dona Marília espera por vosmecê, lá...
Mostrei surpreso."

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